Caro leitor, cirurgiões são médicos. Seis anos de medicina, somados a três anos de cirurgia geral e mais dois/três anos de subespecialidade, sem contar os possíveis fellows. São necessários no mínimo oito anos para se formar um Cirurgião. É tempo demais para ser resumido em apenas “corte e costura”.
Nós, cirurgiões, atendemos pacientes com infindáveis variáveis, relacionadas à ele próprio, à doença ou ao seu círculo social. Não é só a habilidade técnica que define um perioperatório bem sucedido. É necessário conhecimento teórico, soft skills, hard skills, sagacidade, curiosidade, criatividade, inovação, clareza moral, liderança, humildade…
Vimos isso aqui: Como ser um Bom Cirurgião? Paciência, Coragem e Discernimento.
Somos médicos, não técnicos. A doença cirúrgica não é exclusivamente cirúrgica. E quando a ciência se move para além dos limites da sala de cirurgia, hesitamos em segui-la.
Atul Gawande
Cirurgiões são Médicos
Diabéticos demandam controle glicêmico. Cardiopatas idosos não podem ser hiper-hidratados. Ressecções oncológicas podem se beneficiar de adjuvância. Obesos podem fazer eventos tromboembólicos.
Cada ação cirúrgica pode receber influência ou influenciar os vários os órgãos e sistemas do organismo humano. A exemplo, a própria REMIT (Resposta Endócrino, Metabólica e Imunológica ao Trauma).
Mas… Não é só solicitar um parecer?
A medicina vem se ramificando em caixotes de conhecimento. O que é ótimo, pois permite o avanço do conhecimento em cada uma dessas áreas! Mas o paciente não pode ser dividido! Quando fazemos uma colecistectomia, o coração não fica em casa se escondendo do pneumoperitônio.
Portanto, como Gawande disse, “a doença cirúrgica não é exclusivamente cirúrgica“. As habilidades médicas não devem se perder após a cirurgia. Ao contrário, elas são fundamentais para nos fazer verdadeiros cirurgiões!
Veja também
Gawande AA. Creating the educated surgeon in the 21st century. The American Journal of Surgery. 2001.