Como o Derrame Pleural provoca dispneia?

Caso de dispneia secundaria a Derrame Pleural à esquerda provocado por Carcinoma Neuroendócrino Atípico Pulmonar.

A dispneia é uma síndrome clínica que pode ser provocada por uma série de patologias diferentes. O Derrame Pleural (DP) é uma das causas possíveis para dispneia. Vamos ver nesse texto um breve caso de uma paciente com DP à esquerda, provocado por uma doença oncológica.



Como o Derrame Pleural provoca dispneia

Caso clínico, uma paciente com falta de ar

Senhora A, de 75 anos, deu entrada no Pronto-Socorro, trazida pelo SAMU.

Há um dia, apresentou dispneia de início gradual e piora progressiva. Quando socorrida em casa, apresentava respiração espontânea, em ar ambiente, FR de 32, SpO2 de 80%, com desconforto respiratório, uso da musculatura acessória. Após oferta de O2 via máscara facial a 6 L/min, houve leve melhora da dispneia.

Ao chegar no hospital, paciente estável, SpO2 de 93%, MF 5L/min. Ausculta pulmonar com murmúrios vesiculares abolidos à esquerda, com percussão maciça à esquerda, sem alterações à direita.

A senhora A foi encaminhada para realização de Tomografia de Tórax enquanto pesquisamos seus antecedentes. Descobrimos que ela já tinha diagnóstico de tumor pulmonar avançado à esquerda em tratamento: Carcinoma Neuroendócrino Atípico Pulmonar (T4 N2 M0).

Tomografia de Tórax demonstrando Derrame Pleural

A tomografia foi realizada em tempo hábil. Por meio dela, conseguimos observar um volumoso derrame pleural à esquerda, provocando deslocamento mediastinal para a direita. Podemos ver também um derrame pleural laminar à direita. Veja o vídeo:

Como o Derrame Pleural provoca dispneia?

No caso descrito, podemos justificar a síndrome dispneica. O espaço físico antes destinado à expansibilidade pulmonar à esquerda foi ocupado por líquido no espaço pleural, outrora espaço virtual. Dessa forma, a ventilação não ocorreu à esquerda, mesmo que a circulação esteja preservada, o que também pode estar prejudicado por mecanismo compressivo. Estamos diante de um shunt pulmonar.

Realizada Toracocentese de Alívio

Sob técnica asséptica, foi realizada toracocentese de alívio, sem intercorrências. Drenamos 1500 ml de um líquido seroso. Durante a drenagem, a paciente apresentou alguns episódios de tosse e alguns minutos depois, apresentou melhora considerável da dispneia. Reduzimos a oferta de O2 para 2L/min no cateter nasal.


No dia seguinte, foi possível retirar o suporte de O2 e a paciente recebeu alta hospitalar, confortável. Paciente segue em tratamento oncológico com a equipe assistente.


Saiba mais sobre Derrame Pleural

Jany B, Welte T. Pleural effusion in adults—etiology, diagnosis, and treatment. Dtsch Arztebl Int. 2019

Veja outros casos clínicos!



João Elias

João Elias

Médico pela Universidade Federal de Goiás. Cirurgião pelo Hospital Alberto Rassi. Residente de Cirurgia de Cabeça e Pescoço no Hospital do Câncer Araújo Jorge. Ilustrador Médico com foco em Anatomia e Cirurgia. Fundador e mantenedor do Café Cirúrgico.

Inscrever-se
Notificar de
guest
0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários