O que fazer depois da Cirurgia de Tireoide? Pós-Operatório de Tireoidectomia

Para prevenir complicações e para obter um bom resultado cirúrgico, são necessários alguns cuidados a serem tomados no pós-operatório de tireoidectomia.

Os cuidados cirúrgicos não terminam quando o paciente sai da sala de cirurgia. Mesmo quando ele vai de alta para casa, algumas medidas ainda precisam ser tomadas para prevenir complicações. E não poderia ser diferente na cirurgia de tireoide. Tendo em vista melhores resultados cirúrgicos, precisamos nos atentar aos principais cuidados no pós-operatório de tireoidectomia. É preciso manter certo repouso, ter cuidados com a ferida, ajustar a dieta e principalmente ficar de olho nos sinais das possíveis complicações.



Veja também as principais complicações da Cirurgia de Tireoide aqui.

O que fazer depois da Cirurgia de Tireoide? Pós-Operatório de Tireoidectomia

Repouso, mas faça caminhada

Em casa, é recomendado repouso por no mínimo duas semanas. Isso significa manter afastamento do trabalho e evitar pesos acima de 5 kg, musculação, corrida, atividades físicas intensas, relações sexuais e dirigir. Após a cirurgia de tireóide, é recomendado também evitar esforço intenso no uso da voz, como gritar ou cantar nesse período.

Após as duas semanas, retorne às atividades gradualmente. Se observar desconforto, reduza novamente e, se necessário, busque orientação médica.

Importante: o repouso não é total! O corpo precisa estar em movimento para minimizar o risco de trombose e para melhorar o trânsito intestinal. Por esse motivo, faça pequenas caminhadas sempre que possível.

Rouquidão ou alteração da voz

Uma das complicações da cirurgia de tireoide são as alterações na voz ou rouquidão. Na maioria dos casos são alterações temporárias e, portanto, não devem ser fonte de preocupação. Em alguns poucos casos e a depender da evolução, pode ser necessária reabilitação fonoaudiológica.

Cuidados com a Ferida Operatória e Curativo

Nos primeiros dois dias após a cirurgia de tireoide, é realizado curativo no local da ferida operatória. A partir daí, não é mais necessário nenhum curativo sobre a ferida. Lave-a duas vezes ao dia, com movimentos suaves utilizando água e sabão. É importante manter a ferida sempre seca a fim de evitar infecção no local.

Evite expor a ferida ao sol: para uma cicatriz mais estética, recomenda-se o uso de micropore ou tecido para proteger a ferida da exposição ao sol.

Pontos: geralmente os fios utilizados nos pontos de pele das tireoidectomias são absorvíveis. Ou seja, não é preciso retirá-los pois o próprio organismo vai absorvê-los. Se for um fio preto (nylon), ele deve ser retirado após duas semanas, conforme orientação do cirurgião.

Drenos: alguns pacientes precisam de drenos para monitorizar possíveis sangramentos. Eles são retirados após um dia de cirurgia (antes da alta hospitalar) e não trazem prejuízos para a cicatrização.

Qual dieta seguir?

Consuma bastante água (cerca de três litros por dia) e busque manter uma alimentação saudável e balanceada, com alimentos leves, naturais e ricos em fibras.

Nas primeiras semanas, é comum apresentar um desconforto na deglutição, decorrente da manipulação cirúrgica. Essa situação vai se resolver com o tempo. Para minimizar o sintoma, busque reduzir a consistência da alimentação com uma dieta mais pastosa.

Cálcio e Suplementação hormonal

No pós-operatório de tireoidectomia total, é necessária suplementação com o hormônio levotiroxina (Puran®, Euthyrox® etc). Para garantir a boa absorção do medicamento, tome o comprimido pela manhã, em jejum, 30 minutos antes do café da manhã, de acordo com a orientação médica. 

Além disso, em alguns casos também faz-se necessária suplementação de cálcio (Oscal®, por exemplo) por cerca de um mês. Tome o comprimido durante as refeições de acordo com a orientação médica. Evite tomar refrigerantes ou café próximos do cálcio, pois são substâncias que prejudicam a absorção do mesmo.

Agende seu retorno

Antes de sair do hospital, já deixe agendado seu retorno. No primeiro retorno pós-operatório de tireoidectomia, você vai receber o resultado do anatomopatológico da peça cirúrgica (a “biópsia”). A partir daí, serão traçadas as condutas para seguimento futuro e será determinada a necessidade de procedimentos adicionais.

Sinais de Alarme e Intercorrências

Fique atento! Se perceber os seguintes sinais, procure seu médico ou volte no Pronto-Socorro do hospital, conforme orientado:

  • Dor intensa que não melhore com as medicações receitadas;
  • Inchaço do pescoço progressivo, que continua a aumentar em vez de diminuir;
  • Desconforto respiratório;
  • Vermelhidão no pescoço, dor local, por vezes com secreção fétida na ferida operatória;
  • Febre (temperatura acima de 38°C);
  • Formigamento nos membros, dormência, dormência ao redor dos lábios, câimbras musculares, dificuldade para deglutir.

Essas são orientações gerais, aplicáveis à maioria dos casos. No entanto, cada paciente é único e podem haver orientações específicas para o seu caso. Fique atento ao seu atendimento e às orientações passadas pelo seu cirurgião.


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João Elias

João Elias

Médico pela Universidade Federal de Goiás. Cirurgião pelo Hospital Alberto Rassi. Residente de Cirurgia de Cabeça e Pescoço no Hospital do Câncer Araújo Jorge. Ilustrador Médico com foco em Anatomia e Cirurgia. Fundador e mantenedor do Café Cirúrgico.

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