Câncer de Apêndice: Como estadiar pelo TNM?

Após a apendicectomia, até 1% das peças cirúrgicas analisadas podem revelar um câncer de apêndice cecal. Veja como estadiar pelo sistema TNM.

O câncer de apêndice é uma afecção rara, geralmente diagnosticada de forma acidental. Após a apendicectomia, até 1% das peças cirúrgicas analisadas podem revelar uma neoplasia maligna. Assim sendo, a apresentação clínica muito se assemelha à da apendicite aguda clássica. Veja nesse texto como fazemos para classificar esses tumores de acordo com o sistema TNM.



T (Tumor Primário)

Avaliado por exame físico, exames de imagem e/ou exploração cirúrgica.

Tx . Tumor primário não pode ser avaliado

T0 . Sem evidência de tumor primário

Tis . Carcinoma in situ: células cancerígenas confinadas dentro da membrana basal glandular (intraepitelial) ou lâmina própria (intramucosa) sem extensão através da muscular da mucosa para a submucosa

Tis (LAMN) . Neoplasia mucinosa apendicular de baixo grau confinada ao apêndice. Trata-se do envolvimento por mucina acelular ou epitélio mucinoso que pode se estender até a muscular própria

T1 . Tumor invade a submucosa

T2 . Tumor invade a muscular própria

T3 . Tumor invade subserosa ou mesoapêndice

T4 . Tumor perfura o peritônio visceral e/ou invade diretamente outros órgãos ou estruturas

T4a . Tumor perfura o peritônio visceral, incluindo tumor peritoneal mucinoso ou mucina acelular na serosa do apêndice ou mesoapêndice

T4b . Tumor invade diretamente outros órgãos ou estruturas por meio da serosa, por exemplo, invasão do íleo.

OBS: Tumores aderidos a outros órgãos ou estruturas, macroscopicamente, são classificados como cT4b. Porém, se não houver histologia tumoral na adesão, a classificação deve ser pT1, pT2 ou pT3.

N (Linfonodos Regionais)

Avaliado por exame físico, exames de imagem e/ou exploração cirúrgica.

Nx . Os gânglios linfáticos regionais não podem ser avaliados

N0 . Sem metástase linfonodal regional

N1 . Metástase em 1 a 3 linfonodos regionais

N1a . Metástases em 1 linfonodo regional

N1b . Metástases em 2 ou 3 linfonodos regionais

N1c . Depósitos tumorais (satélites) na subserosa ou em tecidos moles pericólicos ou perirretais não peritonealizados sem metástase linfonodal regional

N2 . Metástase em 4 ou mais linfonodos regionais

O que são depósitos tumorais?

Os Depósitos tumorais (satélites) nada mais são que nódulos macroscópicos ou microscópicos de câncer na área de drenagem linfática de um carcinoma primário que são descontínuos do primário. Para isso, não deve ter evidência histológica de linfonodo residual ou de estruturas vasculares ou neurais identificáveis.

M (Metástase à distância)

Avaliado por exame físico, exames de imagem e/ou exploração cirúrgica.

M0 . Sem metástase à distância

M1 . Com metástase à distância

M1a . Apenas mucina acelular intraperitoneal

M1b . Metástase intraperitoneal apenas, incluindo epitélio mucinoso

M1c . Metástase não peritoneal

Grau de diferenciação

No câncer de apêndice, também é comum a classificação de acordo com a diferenciação histológica do tumor. Veja:

Gx . O grau do tumor não pode ser identificado

G1 . As células tumorais são bem diferenciadas

G2 . As células tumorais são moderadamente diferenciadas

G3 . As células tumorais são pouco diferenciadas

G4 . As células tumorais são indiferenciadas

Grupos de Estadiamento!

Tumor PrimárioLinfonodos RegionaisMetástase à distânciaGrupo de Estádio
TisN0M00
Tis (LAMN)N0M00
T1, T2N0M0I
T3N0M0IIA
T4aN0M0IIB
T4bN0M0IIC
T1, T2N1M0IIIA
T3, T4N1M0IIIB
Qualquer TN2M0IIIC
Qualquer TN0M1aIVA
Qualquer TN0M1b G1IVA
Qualquer TQualquer NM1b G2, G3, GxIVB
Qualquer TQualquer NM1c, qualquer GIVC

Qual o prognóstico dos pacientes com câncer de apêndice?

Tumores de apêndice mais bem diferenciados (graus 1 e 2) possuem prognóstico relativamente mais favorável, com sobrevida em 5 anos variando entre 67 e 97%.

O gráfico a seguir mostra as curvas de Kaplan-Meier, comparando os diferentes estádios do câncer de apêndice. Veja como a letalidade aumenta de forma proporcional ao estadio.

Qual o prognóstico dos pacientes com câncer de apêndice?
Xie X, Zhou Z, Song Y, et al. The management and prognostic prediction of adenocarcinoma of appendix. Sci Rep. 2016.

Aprenda mais com essas referências

Brierley J, Gospodarowicz MK, Wittekind C. TNM Classification of Malignant Tumours. Eighth edition. John Wiley & Sons, Inc; 2017. Essa é a versão original o TNM, atualizada de tempos em tempos.

Brierley J, Asamura H, Eycken E van, Rous BA, Union for International Cancer Control. TNM Atlas: Illustrated Guide to the TNM Classification of Malignant Tumours. Seventh edition. Wiley-Blackwell; 2020. Esse é um atlas original com ilustrações claras e objetivas que ajudam no entendimento dessas classificações.

World Health Organization. International Agency for Research on Cancer (IARC), Cancer Today. Global Cancer Observatory.

Encontre a Classificação TNM de outros tumores aqui! Montamos uma página aqui no site para rápida consulta dos principais estadiamentos.



João Elias

João Elias

Médico pela Universidade Federal de Goiás. Cirurgião pelo Hospital Alberto Rassi. Residente de Cirurgia de Cabeça e Pescoço no Hospital do Câncer Araújo Jorge. Ilustrador Médico com foco em Anatomia e Cirurgia. Fundador e mantenedor do Café Cirúrgico.

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