Câncer de Canal Anal: Como estadiar pelo TNM?

Apesar de ser uma neoplasia maligna relativamente rara, a incidência do câncer de canal anal vem aumentando nos últimos anos. Veja como classificar de acordo com o TNM.

Em 2020, o câncer de canal anal foi diagnosticado em cerca de 50 mil pacientes pelo mundo, sendo elencados quase 20 mil obitos. No Brasil, tivemos 2.843 casos novos e 691 mortes pela doença nesse mesmo ano.



O câncer de canal anal possui relação com a infecção pelo papilomavírus humano (HPV), o número de parceiros sexuais ao longo da vida, as verrugas genitais, o tabagismo, sexo anal receptivo e infecção pelo HIV. Apesar de ser uma neoplasia maligna relativamente rara, sua incidência vem aumentando nos últimos anos.

Veja como classificar de acordo com o sistema TNM 8a edição!

T (Tumor Primário)

Avaliado por exame físico, exames de imagem, colonoscopia e/ou exploração cirúrgica.

Tx. Tumor primário não pode ser avaliado

T0 . Sem evidência de tumor primário

Tis . Carcinoma in situ, doença de Bowen, lesão intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL), neoplasia intraepitelial anal II–III (NIA II–III)

T1 . Tumor ≤2 cm

T2 . Tumor >2 cm e ≤5 cm

T3 . Tumor >5 cm

T4 . Tumor de qualquer tamanho invade órgão(s) adjacente(s), por exemplo, vagina, uretra, bexiga*

OBS: A invasão direta da parede retal, da pele perianal, do tecido subcutâneo ou do(s) músculo(s) esfincteriano(s) isoladamente não é classificada como T4.

N (Linfonodos Regionais)

Avaliado por exame físico, exames de imagem e/ou exploração cirúrgica.

Nx . Linfonodos regionais não podem ser avaliados

N0 . Sem metástase linfonodal regional

N1 . Metástase em linfonodos regionais

N1a . Metástases inguinais, mesorretais e/ou linfonodos ilíacos internos

N1b . Metástases em linfonodos ilíacos externos

N1c . Metástases em linfonodos ilíacos externos e inguinais, mesorretais e/ou ilíacos internos

M (Metástase à distância)

Avaliado por exame físico, exames de imagem e/ou exploração cirúrgica.

M0 . Sem metástase distante

M1 . Com metástase à distância

Grupos de Estadiamento Clínico!

Tumor PrimárioLinfonodos RegionaisMetástase à distânciaGrupo de Estádio
TisN0M00
T1N0M0I
T2N0M0IIA
T3N0M0IIB
T1, T2N1M0IIIA
T4N0M0IIIB
T3, T4N1M0IIIC
Qualquer TQualquer NM1IV

Qual o prognóstico dos pacientes com câncer de canal anal?

De acordo com a Sociedade Canadense de Câncer, cerca de 66% dos pacientes diagnosticados com câncer de canal anal estarão vivos após 5 anos de seguimento. O prognóstico é pior a medida que o estadio clínico fica mais avançado, veja:

  • Estadios I e II (doença localizada): 80% de sobrevida em 5 anos;
  • Estadio III (doença regional): entre 59 e 80% de sobrevida em 5 anos;
  • Estadio IV (doença distante): entre 10 e 31% de sobrevida em 5 anos.

O gráfico abaixo mostra curvas de Kaplan-Meyer que exemplificam a sobrevida da doença, levando-se em consideração os casos com HPV positivos e negativos:

Qual o prognóstico dos pacientes com câncer de canal anal?
Laytragoon-Lewin N, Nilsson PJ, Castro J, et al. Human papillomavirus (Hpv), dna aberrations and cell cycle progression in anal squamous cell carcinoma patients. Anticancer Research. 2007.

Aprenda mais com essas referências

Brierley J, Gospodarowicz MK, Wittekind C. TNM Classification of Malignant Tumours. Eighth edition. John Wiley & Sons, Inc; 2017. Essa é a versão original o TNM, atualizada de tempos em tempos.

Brierley J, Asamura H, Eycken E van, Rous BA, Union for International Cancer Control. TNM Atlas: Illustrated Guide to the TNM Classification of Malignant Tumours. Seventh edition. Wiley-Blackwell; 2020. Esse é um atlas original com ilustrações claras e objetivas que ajudam no entendimento dessas classificações.

World Health Organization. International Agency for Research on Cancer (IARC), Cancer Today. Global Cancer Observatory.

Encontre a Classificação TNM de outros tumores aqui! Montamos uma página aqui no site para rápida consulta dos principais estadiamentos.



João Elias

João Elias

Médico pela Universidade Federal de Goiás. Cirurgião pelo Hospital Alberto Rassi. Residente de Cirurgia de Cabeça e Pescoço no Hospital do Câncer Araújo Jorge. Ilustrador Médico com foco em Anatomia e Cirurgia. Fundador e mantenedor do Café Cirúrgico.

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